A imprensa insiste em falar em
vexame e humilhação. Estas duas palavras cabem no jogo desleal, na
falta maldosa, na arbitragem despreparada. E o Brasil, apesar de fatos como esses
terem acontecido, como em todas as copas, ofereceu um belo espetáculo e tem
sido o melhor dos anfitriões. Vexame
é o enriquecimento ilícito de muitos com a Copa do Mundo; é o roubo, a
desonestidade. Perder por qualquer placar, não é vexatório nem humilhante.
O técnico da Holanda foi sábio ao falar da derrota Brasileira e de seu time, nos pênaltis. Para ele, não há diferença. E é uma verdade.
O importante para qualquer seleção é a
conquista da taça mundial. De nada vai valer para a Alemanha o placar
gordo contra o Brasil, se perder o campeonato mundial para a Argentina.
Portanto, não existe vexame, nem
humilhação. A Alemanha, que também perdeu em casa a taça mundial em 2006 para a
Itália, sabia da grande emoção e pressão de seus adversários naquele jogo
em Belo Horizonte, onde o papa João Paulo, em sua primeira visita ao Brasil,
disse ser um belo horizonte.
Os alemães souberam administrar a
partida depois de tecnicamente avaliar as primeiras jogadas brasileiras: ansiosas, movidas
por completas emoções em busca do primeiro gol, que trouxesse a tranqüilidade.
A equipe brasileira não estava tão
preparada, como eles - a maioria em comunhão há muitas partidas. O foco alemão era a vitória e o placar foi surpresa até para uma Alemanha cautelosa desde o primeiro toque de bola.
Subestimar um time,
com base em resultados passados vitoriosos, como fez a maioria dos
comunicadores e comentaristas de TV, induzindo jogadores desconcentrados, serviu apenas para sufocar a seleção brasileira, cujo técnico, ingenuamente, achou que o treino exporia os trunfos
da equipe.
O treino, a divulgação dos
jogadores certos para a batalha, o contato com torcedores visitantes, no momento ideal, teria
tranquilizado o grupo. O plano B, em caso de gols levados, deveria fazer parte
desse treinamento; aberto ao público. Há ações que, faladas e testadas em partidas
abertas permanecem no imaginário dos atletas. A jogada ensaiada às vezes vem de sinais de
mãos, como no vôlei.
Alguns comunicadores quiseram
levar o técnico Felipão à execração pública. Um comentarista da Band achou que
as perguntas feitas na coletiva ao técnico após o placar de 7 x 1 deixaram a
desejar. Ao contrário, é o técnico Felipe Scolari que foi muito firme em suas
respostas, admitiu o descontrole de seu time diante do outro organizado. Como
dizem, “não tentou tapar o sol com a peneira”.
Nesta copa, alguns comunicadores da TV brasileira foram os maiores derrotados.