11 julho, 2011

MADONA SISTINA: 12 GERAÇÕES VIRAM ESTE QUADRO

Foto:Luciana Andrade
“As forças soviéticas vitoriosas, depois de aniquilarem o Exército da Alemanha fascista, recolheram quadros do acervo do Museu de Arte de Dresden e os levaram para Moscou. Quadros que permaneceram trancados por quase dez anos. Na primavera de 1955, o governo soviético devolveu-os. Antes, porém, ficaram por três meses expostos em Moscou”.
Foi então que “na fria manhã do dia 30 de maio de 1955” o escritor Vassíli Grossman,  escritor judeu ucraniano, conheceu a Madona Sistina. E escreveu “com sinceridade comovente, sem cinismo e sem vergonha de suas emoções”. Descobri este texto na Flip(Festa Literária Internacional de Paraty), por meio da revista Piauí, que estava sendo distribuída na rua.  
Desde o primeiro olhar, uma coisa se impõe imediatamente, uma acima de todas: ela é imortal. Compreendi que até aquele momento eu havia sido leviano no emprego desta palavra assombrosa: imortal. Compreendi que confundira a imortalidade com a poderosa vitalidade de certas realizações humanas particularmente sublimes. E nesse momento, venerando Rembrandt, Beethoven e Tolstói, eu soube que, dentre todas as obras criadas por pincel, buril ou pena que haviam tomado meu coração e meu espírito, somente aquele quadro de Rafael permaneceria vivo enquanto não desaparecessem os homens.
E que um dia, talvez, se acaso desaparecessem, outras criaturas que viessem a tomar o lugar deles – lobos, ratos, ursos ou andorinhas – também se precipitariam sobre as quatro patas ou bateriam as asas para ver a Madona... Doze gerações viram este quadro – um quinto das gerações que povoaram a terra desde o princípio dos tempos históricos até os nossos dias. Ele foi visto por mendigos e imperadores da Europa, por estudantes, por milionários que vieram de além-mar, por papas e príncipes russos. Foi visto por jovens virgens e por prostitutas, por coronéis de estado-maior, ladrões, gênios, tecelões, pilotos de bombardeiros e professores do primário. Foi visto por bons e maus.
Na internet: Revista Piauí - Foto: Fotografado da mesma revista: Luciana Andrade.


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