O
horário de verão acabou. Que alívio!
– dirão muitos, pois só se ouve uma maioria dizer-se contra, ficando a
impressão de que poucos gostam. Já falei aqui sobre isso. Aproveito, agora, para
escrever sobre o sol, este astro máximo, democrático e gigante. Propriedade
maior do verão. Quero falar especialmente do nascer do sol nas cidades. Tenho
uma intuição que em muitas, a sua via principal sempre converge para o leste, na
direção de seu nascer. Às vezes mais a esquerda, outras mais a direita. Porém,
percebo que no verão ele é mais incomodativo.
Se você
é morador de Barra Mansa e tem que passar pela Avenida Joaquim Leite, a principal da cidade - que segue seu curso,
em mão única, na mesma direção do Rio Paraíba do Sul, vai entender o que estou
dizendo. O tapa-sol dos carros não é suficiente. O sol lança seus raios de
frente, atrapalhando visão, ficando uma mistura de sentimentos de bem de mal.
Surge
no horizonte para desnortear (ou deslestear)
os motoristas, com um incômodo bom, a ofuscar os olhos. Com o objetivo de lembrá-los
de sua presença, sua imponência.
Os
motoristas visitantes, também, sabem
do que eu estou falando. Do sol no rosto, tirando a visão, como um garoto
travesso fazendo artes na rua. Como um farol gigante na contramão, uma luz
insistente e brilhante numa estrada muito escura ou uma estrela de brilho muito
forte em meio às outras, ofuscando a visão.
A Joaquim Leite é comparada à Rio Branco
ou à Paulista. E de repente parece que quase todas as cidades geograficamente,
ou estrategicamente, foram construídas “de
cara para a nascente do astro”. Mas, quem já tomou a Via Dutra, sentido
Rio de Janeiro, ou alguma outra Rodovia na mesma direção, já experimentou este contato
maior e abusado do sol.
Ele é o único “farol alto” nas manhãs que não recebe
xingamentos.