Num certo dia, um empresário viajava pelo interior. Ao ver um peão tocando vacas, parou para lhe fazer algumas perguntas:
- Acha que você poderia me passar umas informações?
- Claro, uai!
- As vacas dão muito leite?
- Qual que o senhor quer saber: "as maiáda ou as marrom"?
- Pode ser as malhadas.
- Dá uns 12 litros por dia !
O empresário pensou um pouco e logo tornou a perguntar:
- Elas comem o quê?
- Qual?"As maiáda ou as marrom"?
- Sei lá, pode ser as marrons!
- "As marrom come" pasto e sal.
- Hum! E as malhadas?
- Também "come" pasto e sal!
O empresário, sem conseguir esconder a irritação:
- Escuta aqui, meu amigo! Por que toda vez que eu te pergunto alguma coisa sobre as vacas você me diz se quero saber das malhadas ou das marrons, sendo que é tudo a mesma resposta?
E o matuto responde:
- E que "as maiáda são minha"!
- E as marrons?
- Também!
Seleção de Jorge Saliba Lúcio - Belo Horizonte/MG.
Extraído do Almanaque Santo Antônio 2010 - p. 72 - Editora Vozes.
Trata-se da simplicidade e sabedoria do homem do campo, muitas vezes não compreendida. O matuto, diante do homem da cidade - estudado e doutor, para ele, acredita que "detalhando" a informação faz-se melhor entendido. Se pensar bem, não nesta proporção, diálogo parecido já lhe ocorreu. A impassividade do mineiro, neste caso, é algo impressionante.
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