Domingo passado, Sylvester Stallone apareceu num programa de TV se desculpando sobre as piadas que fez com o Brasil. O ator diz que só brincou daquele jeito, porque o Ibama não deixou ele rodar uma cena de seu filme, numa floresta da região de Mangaratiba, alegando que o tiroteio ia assustar os macacos. E Stallone jurou que não viu nenhum macaco no Brasil, terminando por ganhar um, de pelúcia, do repórter que o entrevistou.
Na verdade, o ator está preocupado com o sucesso do filme que rodou por aqui. "Os Mercenários" estreia nos cinemas dia 13 e o ex-Rambo não quer que o filme seja boicotado pelos brasileiros.
Dirigido pelo próprio Stallone, o filme reúne quase todos os atores de filmes de ação que fizeram sucesso nos anos 80. Tem participação do Bruce Willis, do Dolph Lundgreen e do atual governador da Califórnia, Arnold Schwarzenneger. Só faltou mesmo chamar o Steven Segal.
Com a falta de modéstia que o caracteriza, Stalone diz que é o maior filme de ação de todos os tempos. Mas os precedentes não lhe são favoráveis. A única experiência dele como diretor, foi no filme "Staying Alive" (Os Embalos Continuam), com John Travolta, em 1980, que foi um grande fracasso. E poucos filmes estrangeiros, rodados por aqui, foram bem sucedidos.
O problema é que os diretores estrangeiros não conhecem o Brasil, eles dão uma visão folclórica do nosso país e acabam se atrapalhando. O que pode resultar em filmes bem divertidos.
Exportando cenários
Ainda me lembro do filme francês "O Homem do Rio", que o diretor Philippe de Broca rodou por aqui, em 1964. Jean Paul Belmondo fazia um aventureiro internacional que vinha ao Brasil ajudar sua namorada Agnes (Fraçoise Dorleac, irmã da Catherine Deneuve, que um ano depois morreria tragicamente num acidente). Ela era raptada por bandidos ali nos Arcos da Lapa e levada para o esconderijo do vilão, em Brasília.
Quando o herói descobre que tinham levado a mocinha para o Planalto, ele entra num táxi, no aterro do Flamengo, e diz para o motorista. "Vamos para Brasília". Minutos depois, o táxi aparece subindo a estrada para Teresópolis, com o Dedo de Deus ao fundo, e Belmondo pergunta ao motorista: "Já estamos chegando em Brasília?". E o taxista responde: "Não, é um pouco mais na frente".
Como o "Homem do Rio" é uma comédia de aventura, eu tenho a impressão de que o diretor sabia a distância entre o Rio de Janeiro e nossa capital, e quis brincar com a coisa. O fato é que Belmondo realmente chega lá, de táxi, e salva a mocinha. É uma pena que os filmes do de Broca nunca tenham saído em DVD no Brasil, são muito divertidos.
Nos anos 60, os americanos rodaram aqui "Tarzan e o Grande Rio", com Mike Henry, e logo no início, um personagem interpretado pelo ator Paulo Gracindo, morre durante um ataque dos índios na Quinta da Boavista.
Isso mesmo, Gracindo fazia o diretor do Museu Nacional, que fica ali em São Cristovão. Ele recebe a visita de Tarzan, mas antes de conseguir revelar um grande segredo, morre fulminado por flechas envenenadas. E tem gente que reclama das balas perdidas no Rio de Janeiro.
Já nos anos 70, os gringos voltaram a fazer dois filmes por aqui. Em 1979, Lee Majors, que fazia "O Homem de Seis Milhões de Dólares" na TV, desembarcou em Angra dos Reis com um time de beldades da época. Marisa Berenson, que trabalhara com Stanley Kubrick e era considerada "a mulher mais bela do mundo" por alguns jornalistas, Karen Black, que fizera "Aeroporto 75", com Charlton Heston e a loira Margaux Hemingway.
O filme que eles fizeram foi dirigido pelo italiano Anthonio Marghereti e conta a história de aventureiros tentando resgatar diamantes de um naufrágio, num rio infestado de piranhas. Ninguém engoliu a idéia de piranhas comendo pessoas em Angra dos Reis e o filme foi um fracasso, mesmo no exterior. Marisa Berenson e Karen Black viram suas carreiras afundarem e Margaux Hemingway acabou estrelando a bomba "Superman 4 - Em busca da paz". O que deu origem a idéia de uma maldição sobre os diretores estrangeiros que tentam filmar no Brasil.
Bobagem, no mesmo ano a equipe do James Bond esteve no Rio de Janeiro e nas cataratas de Iguaçu, filmando "007 Contra o Foguete da Morte". E o filme foi um dos maiores sucessos da história do 007.
Pessoalmente, não acho que "Os Mercenários" vai ser tão divertido quanto "O Homem do Rio", ou tão sofisticado quanto "O Foguete da Morte", mas vou conferir o resultado no dia 13.
Reportagem de Jorge Luiz Calife extraída na integra de o Jornal Diário do Vale
Na verdade, o ator está preocupado com o sucesso do filme que rodou por aqui. "Os Mercenários" estreia nos cinemas dia 13 e o ex-Rambo não quer que o filme seja boicotado pelos brasileiros.
Dirigido pelo próprio Stallone, o filme reúne quase todos os atores de filmes de ação que fizeram sucesso nos anos 80. Tem participação do Bruce Willis, do Dolph Lundgreen e do atual governador da Califórnia, Arnold Schwarzenneger. Só faltou mesmo chamar o Steven Segal.
Com a falta de modéstia que o caracteriza, Stalone diz que é o maior filme de ação de todos os tempos. Mas os precedentes não lhe são favoráveis. A única experiência dele como diretor, foi no filme "Staying Alive" (Os Embalos Continuam), com John Travolta, em 1980, que foi um grande fracasso. E poucos filmes estrangeiros, rodados por aqui, foram bem sucedidos.
O problema é que os diretores estrangeiros não conhecem o Brasil, eles dão uma visão folclórica do nosso país e acabam se atrapalhando. O que pode resultar em filmes bem divertidos.
Exportando cenários
Ainda me lembro do filme francês "O Homem do Rio", que o diretor Philippe de Broca rodou por aqui, em 1964. Jean Paul Belmondo fazia um aventureiro internacional que vinha ao Brasil ajudar sua namorada Agnes (Fraçoise Dorleac, irmã da Catherine Deneuve, que um ano depois morreria tragicamente num acidente). Ela era raptada por bandidos ali nos Arcos da Lapa e levada para o esconderijo do vilão, em Brasília.
Quando o herói descobre que tinham levado a mocinha para o Planalto, ele entra num táxi, no aterro do Flamengo, e diz para o motorista. "Vamos para Brasília". Minutos depois, o táxi aparece subindo a estrada para Teresópolis, com o Dedo de Deus ao fundo, e Belmondo pergunta ao motorista: "Já estamos chegando em Brasília?". E o taxista responde: "Não, é um pouco mais na frente".
Como o "Homem do Rio" é uma comédia de aventura, eu tenho a impressão de que o diretor sabia a distância entre o Rio de Janeiro e nossa capital, e quis brincar com a coisa. O fato é que Belmondo realmente chega lá, de táxi, e salva a mocinha. É uma pena que os filmes do de Broca nunca tenham saído em DVD no Brasil, são muito divertidos.
Nos anos 60, os americanos rodaram aqui "Tarzan e o Grande Rio", com Mike Henry, e logo no início, um personagem interpretado pelo ator Paulo Gracindo, morre durante um ataque dos índios na Quinta da Boavista.
Isso mesmo, Gracindo fazia o diretor do Museu Nacional, que fica ali em São Cristovão. Ele recebe a visita de Tarzan, mas antes de conseguir revelar um grande segredo, morre fulminado por flechas envenenadas. E tem gente que reclama das balas perdidas no Rio de Janeiro.
Já nos anos 70, os gringos voltaram a fazer dois filmes por aqui. Em 1979, Lee Majors, que fazia "O Homem de Seis Milhões de Dólares" na TV, desembarcou em Angra dos Reis com um time de beldades da época. Marisa Berenson, que trabalhara com Stanley Kubrick e era considerada "a mulher mais bela do mundo" por alguns jornalistas, Karen Black, que fizera "Aeroporto 75", com Charlton Heston e a loira Margaux Hemingway.
O filme que eles fizeram foi dirigido pelo italiano Anthonio Marghereti e conta a história de aventureiros tentando resgatar diamantes de um naufrágio, num rio infestado de piranhas. Ninguém engoliu a idéia de piranhas comendo pessoas em Angra dos Reis e o filme foi um fracasso, mesmo no exterior. Marisa Berenson e Karen Black viram suas carreiras afundarem e Margaux Hemingway acabou estrelando a bomba "Superman 4 - Em busca da paz". O que deu origem a idéia de uma maldição sobre os diretores estrangeiros que tentam filmar no Brasil.
Bobagem, no mesmo ano a equipe do James Bond esteve no Rio de Janeiro e nas cataratas de Iguaçu, filmando "007 Contra o Foguete da Morte". E o filme foi um dos maiores sucessos da história do 007.
Pessoalmente, não acho que "Os Mercenários" vai ser tão divertido quanto "O Homem do Rio", ou tão sofisticado quanto "O Foguete da Morte", mas vou conferir o resultado no dia 13.
Reportagem de Jorge Luiz Calife extraída na integra de o Jornal Diário do Vale
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