Um grupo cada vez maior de pessoas abre mão da adoção exclusiva de crianças brancas. No Estado de São Paulo, desde 2007 os pretendentes já não fazem mais tanta questão de que o filho adotivo seja uma menina recém-nascida branca. Os estudos também mostram que aumentando a aceitação para a adoção de irmãos, respeitando-se os vínculos afetivos existentes. A boa notícia é que, a partir dos dados do Conselho Nacional de Justiça, essa tendência parece ser nacional e com números mais expressivos.
Há uma mudança em curso na cultura de se querer adotar a criança idealizada e não real? É cedo para saber. Na avaliação de profissionais que atuam no campo da adoção, as pessoas começam reavaliar seus sonhos de maternidade e paternidade ao perceber que aquele bebê loiro e de olhos azuis não existe nos abrigos. Talvez estejam compreendendo melhor as verdadeiras motivações da adoção e superando a ideia de que um filho adotivo deva ser a cópia do que a biologia negou.
A antropóloga Mirian Goldenberg, da UFRJ, acha que a mudança num curto espaço de tempo é explicada pela imitação de que as pessoas fazem, mesmo que inconscientemente, do comportamento daquelas com prestígio na sociedade. “Quem os famosos estão adotando? Crianças brancas ou negras?” observou, citando Angelina Jolie e Madonna. Goldenberg mencionou a discussão maior que existe na atualidade sobre racismo e a mudança do conceito de adoção. Antes, diz, “era normal adotar e não contar aos filhos e à sociedade. Hoje, contar é considerado adequado”. O número de pessoas na fila de adoção ainda é cinco vezes maior do que o de crianças à espera de um lar.
Ideias equivocadas a respeito da adoção
Iniciativas de grupos de adoção e dos juizados da infância, no sentido de desmistificar certas ideias equivocadas sobre a adoção, podem estar surtindo efeito. Entretanto, ainda há preferência dos pretendentes por meninas. O curioso é que, no caso dos filhos biológicos, a literatura mostra que há uma grande preferência pelos meninos sobre as meninas.
A adoção tardia também é outro desafio. Em geral, apenas crianças com até três anos conseguem colocação fácil em famílias brasileiras. Às mais velhas, resta uma eventual adoção por casais estrangeiros ou permanência nos abrigos até se tornarem adultas, sem laços familiares, abandonados à própria sorte.
Junção da reportagem de Luiza Bandeira com a análise de Cláudia Collucci, ambas de São Paulo – publicado na Folha de São Paulo – domingo, 8 de Agosto de 2010.
Há uma mudança em curso na cultura de se querer adotar a criança idealizada e não real? É cedo para saber. Na avaliação de profissionais que atuam no campo da adoção, as pessoas começam reavaliar seus sonhos de maternidade e paternidade ao perceber que aquele bebê loiro e de olhos azuis não existe nos abrigos. Talvez estejam compreendendo melhor as verdadeiras motivações da adoção e superando a ideia de que um filho adotivo deva ser a cópia do que a biologia negou.
A antropóloga Mirian Goldenberg, da UFRJ, acha que a mudança num curto espaço de tempo é explicada pela imitação de que as pessoas fazem, mesmo que inconscientemente, do comportamento daquelas com prestígio na sociedade. “Quem os famosos estão adotando? Crianças brancas ou negras?” observou, citando Angelina Jolie e Madonna. Goldenberg mencionou a discussão maior que existe na atualidade sobre racismo e a mudança do conceito de adoção. Antes, diz, “era normal adotar e não contar aos filhos e à sociedade. Hoje, contar é considerado adequado”. O número de pessoas na fila de adoção ainda é cinco vezes maior do que o de crianças à espera de um lar.
Ideias equivocadas a respeito da adoção
Iniciativas de grupos de adoção e dos juizados da infância, no sentido de desmistificar certas ideias equivocadas sobre a adoção, podem estar surtindo efeito. Entretanto, ainda há preferência dos pretendentes por meninas. O curioso é que, no caso dos filhos biológicos, a literatura mostra que há uma grande preferência pelos meninos sobre as meninas.
A adoção tardia também é outro desafio. Em geral, apenas crianças com até três anos conseguem colocação fácil em famílias brasileiras. Às mais velhas, resta uma eventual adoção por casais estrangeiros ou permanência nos abrigos até se tornarem adultas, sem laços familiares, abandonados à própria sorte.
Junção da reportagem de Luiza Bandeira com a análise de Cláudia Collucci, ambas de São Paulo – publicado na Folha de São Paulo – domingo, 8 de Agosto de 2010.
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