13 novembro, 2021

OS POEMAS DE MEU CADERNO DE 1989

Esses versos, ainda estou confirmando, mas é quase certo que provém de "Meu caderno de 1989". Estou aqui com a proposta de trazer os versos feitos na década de 1980 e outros na década seguinte. Abaixo o poema Tem gente na fila. Há previsão de uma nova edição para revisão e acrescentar mais alguns.


Tem gente na fila

Tem gente na fila da vida

esperando uma vaga pra viver

de olhar fundo e melancólico

de hálito alcólico

e com a barriga cheia de promessas 


Tem gente sozinha na mutidão

com mesa farta e vida abastada

mas sem companhia, sem alegria, 

sem emoção


Tem gente mutilada em seus sonhos.

arrasada em seus projetos, dilacerada pela ilusão

Tem gente gente vazia enchendo a vida

com coisas inutéis, falando de outras vidas 

com frases fúteis


Tem gente esperando, esperando

nas filas de ônibus, nas filas do inss

nas filas do submundo do mundo

com olhar vazio, suspiro profundo

e sem forças pra lutar


Tem gente esperando uma desculpa

para a sua culpa, pra ser desonesta

fazendo festa e galanteio

com o dinheiro alheio

tem gente criança, abandonada

que com justificativa esfarrapada

não faz nada 

para ajudar outras vidas 


Mas, também, e ainda bem

Tem gente na fila da vida

esperando um salário pra viver

com a barriga funda, moribunda

preocupada com outras vidas




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