07 junho, 2021

AS LUZES MÍSTICAS DA SEGUNDA -FEIRA

Não é de Santa Terezinha, no Rio. Essa fica em
Rio das Flores-RJ - Aguardem!
Segunda-feira é um dia que muita gente gostaria que não chegasse. Quando se pergunta que dia da semana que menos gosta, todos rodeiam evitando escolher esse segundo dia, que para muitos é sinônimo de ressaca e preguiça. Para outras pessoas, segunda-feira é o dia das almas, da fé,  o momento de agradecer a graça recebida ou de pedir por uma. Pelo menos é dessa forma que muitas pessoas explicam o hábito de acender velas todas as segunda-feiras.
As luzes de segunda-feira, ou a tradição do acender velas, tem uma explicação diferente para cada pessoa. A operadora de uma fábrica de plástico no Rio de Janeiro, Maria de Lourdes Ferreira do Nascimento, de 42 anos, disse que faz isto apenas para pedir força para viver. Garantiu que não é por dinheiro e nem para alcançar felicidade. E que faz todas as semanas, ininterruptamente. Quando deixa de fazer, na outra semana paga a atrasada.
Convicta de que faz um pedido e de que será atendida em breve, a aposentada Edia Mattos, de 69 anos, que vai todas às segundas acender velas na Igreja de Santa Terezinha, em Botafogo, resumiu assim seu comparecimento todas as semanas: "a fé e que me traz aqui". O bancário Luís Alfredo Menezes, de 37 anos, disse que é em agradecimento a uma conquista.
Para o monsenhor Amaro Cavalcanti, há 20 anos pároco da Igreja Santa Terezinha, que fica ao lado do Shopping Rio Sul, e que é palco das muitas velas todas as semanas, os frequentadores não são somente os católicos. Ubamdistas, judeus e praticantes das religiões mais diversas vão alí cumprir com o compromisso. 
Mas aquela igreja da zona sul não é esclusiva, já que a tradição do acender velas vem de muito tempo e acontece em várias igrejas de todo o mundo. No centro do Rio, a Igreja de São Benedito, perto do Largo de São Francisco, é uma das mais concorridas. Além da localizada no Largo do Machado, onde os adeptos usam o lado direito da igreja, pela Rua das Laranjeiras, principalmente à noite, para encher o local de velas.
Os aficcionados pela prática, que têm os mais variados motivos, contam até com superstições, como a de que uma pessoa nunca acende uma vela com o mesmo fósforo. Quando não há outro jeito, pedem licença ao espírito a que cabe a oferenda. Outras não podem deixar passar para o dia seguinte, por isso até meia-noite há pessoas praticando o ato. O obreiro José Cavalcanti, de 58 anos, que junto com a mulher há mais de 20 anos trabalha na Igreja Santa Terezinha, afirmou que as quantidades de velas acendidas por uma pessoa também é muito variada. Ele contou que algumas pessoas chegam a acender até mil velas de uma só vez, dependendo da quantidade prometida.

Reportagem e foto: César Dulciidi -

Nota:

Achei a reportagem acima em meus guardados. Ela foi feita na década de 1990, para um tabloíde chamado Atualidade, da zona sul do Rio de Janeiro.  

Editado em 09.06.2021 -







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