Hiroak Torigoe |
Mais de 1000 ossadas
de vala clandestina no cemitério de Perus, em São Paulo, estão sujas, úmidas e com
fungos. Descobertas há 23 anos, elas são a principal chave
para esclarecer o sumiço de 25 militantes de esquerda no período da ditadura. Segundo
laudo do grupo de Antropologia Forense da Argentina, nas condições atuais, o
trabalho de identificação dos restos mortais deverá “começar do zero”.
Os reportes Tatiana
Farah e Gustavo Uribe apuraram que a Comissão de Familiares dos Mortos e Desaparecidos
convocou o grupo de antropologia para tentar identificar, entre 22 ossadas, o
corpo do militante Hiroak Torigoe, desaparecido desde 1972. A antropóloga Patrícia
Bernardi ficou surpresa com as condições em que se encontra o material.
Segundo ela, nas
22 ossadas examinadas, as informações são escassas, sem perfil biológico, sexo,
altura e idade; estão em péssimas
condições. O grupo procurou o legista Fortunato Badan Palhares, da Unicamp, a
quem foram encaminhadas a descoberta. Criticado, Palhares disse que o trabalho
foi executado dentro das possibilidades. Estudadas pelo departamento de
medicina legal da USP, as ossadas estão sob a guarda do cemitério do Araçá, em
São Paulo.
Hiroak
Torigoe era estudante de medicina, curso que abandonou em 1969 para se dedicar à
militância de esquerda no Movimento de Libertação Popular. Baleado e preso pelo
DOI-CODI/SP, por impossibilidade de ser pendurado em pau-de-arara, Torigoe foi torturado
em uma cama de campanha, onde recebeu choques elétricos e outras violências. Vários
presos políticos que se encontravam no local o viram ser arrastado, sangrando muito, pelo pátio do
instituto de repressão.
Com base em
reportagem de O Globo, de Domingo, 21 de abril de 2013 – Pesquisa sobre militante e foto no site Tortura NuncaMais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário