24 abril, 2013

FUNGOS AMEAÇAM OSSADAS DOS 'ANOS DE CHUMBO'

Hiroak Torigoe

Mais de 1000 ossadas de vala clandestina no cemitério de Perus, em São Paulo, estão sujas, úmidas e com fungos. Descobertas há 23 anos, elas são a principal chave para esclarecer o sumiço de 25 militantes de esquerda no período da ditadura. Segundo laudo do grupo de Antropologia Forense da Argentina, nas condições atuais, o trabalho de identificação dos restos mortais deverá “começar do zero”.
Os reportes Tatiana Farah e Gustavo Uribe apuraram que a Comissão de Familiares dos Mortos e Desaparecidos convocou o grupo de antropologia para tentar identificar, entre 22 ossadas, o corpo do militante Hiroak Torigoe, desaparecido desde 1972. A antropóloga Patrícia Bernardi ficou surpresa com as condições em que se encontra o material.
Segundo ela, nas 22 ossadas examinadas, as informações são escassas, sem perfil biológico, sexo, altura e idade;  estão em péssimas condições. O grupo procurou o legista Fortunato Badan Palhares, da Unicamp, a quem foram encaminhadas a descoberta. Criticado, Palhares disse que o trabalho foi executado dentro das possibilidades. Estudadas pelo departamento de medicina legal da USP, as ossadas estão sob a guarda do cemitério do Araçá, em São Paulo.
Hiroak Torigoe era estudante de medicina, curso que abandonou em 1969 para se dedicar à militância de esquerda no Movimento de Libertação Popular. Baleado e preso pelo DOI-CODI/SP, por impossibilidade de ser pendurado em pau-de-arara, Torigoe foi torturado em uma cama de campanha, onde recebeu choques elétricos e outras violências. Vários presos políticos que se encontravam no local o viram ser arrastado, sangrando muito, pelo pátio do instituto de repressão.

Com base em reportagem de O Globo, de Domingo, 21 de abril de 2013 – Pesquisa sobre militante e foto no site Tortura NuncaMais.

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