11 setembro, 2010

A SINA DAS CIDADES RIBEIRINHAS

Um córrego preto, assoreado, deslizando suas águas carregadas de fezes, urina, resíduos menstrual e lixo, com alguns pontos de suas margens tomadas por casas e casebres, em ambos os lados, é o que se tornou o Rio Barra Mansa. O mesmo gerou o nome da cidade e ainda nasce e corre por um longo trecho com águas límpidas. Quem vai em direção a Angra dos Reis, pode vê-lo, por alguns quilômetros, comprido e frágil, rolando por pedras e montanhas, ainda límpido. Aonde a densidade populacional é baixa, estas águas que se transformam num valão de esgoto, permanecem transparentes. Elas ficam mais poluídas quando passam por Santa Clara, São Luiz e Boa Sorte, onde desaguam no rio Paraíba do Sul.
Há bem pouco tempo, por este “rio” deslizavam embarcações pequenas e moleques, alguns hoje com menos ou mais de 50 anos, se banhavam frequentemente em seu leito. E neste mesmo período, ou antes, era possível em suas águas claras avistar peixes e outros animais aquáticos. O encontro deste afluente com o “grande” Paraíba é atualmente o cenário mais feio, em contraste com a construção majestosa. Inaugurado há cinco anos, do imponente Fórum de Barra Mansa, avista-se as águas pretas, paradas, se encontrando “vergonhosamente” com as correntes de águas esverdeadas, não menos poluídas, do Rio Paraíba do Sul.
Encontro parecido pode ser apreciado quilômetros antes, próximo ao ponto onde, em 1841, foi construída a primeira ponte, o Rio Bananal, outro afluente que caminha para a mesma sina. Desemboca nesta parte do rio Paraíba do Sul, águas barrentas e mais caudalosas, mas, carregadas de esgoto como as do rio Barra Mansa. A Colônia Santo Antônio, em fase acelerada de crescimento, com centenas de moradias em construção, terá esse mesmo Bananal recebendo mais dejetos e lixo. Em pouco tempo, o visual do Bananal será pior, se não for tomada nenhuma solução.
É o retrato de outras cidades do vale do Paraíba Fluminense e Paulista, onde, como Barra Mansa, muitos de seus afluentes morreram ou tornaram se valas a céu aberto. A realidade de hoje é a seguinte: a população bebe uma água límpida, bem tratada, porém carregada de metais pesados, retirada de um rio poluído, tomado de fezes, urinas, materiais tóxicos, restos de queimadas, matérias orgânicas adulteradas, plásticos de todos os tipos e a tão fadada garrafas PET. Por enquanto, é esta a sina das cidades ribeirinhas do Paraíba do Sul.

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