07 julho, 2010

AS CONTRADIÇÕES DAS QUAIS NINGUÉM ESCAPA

“Cuidado. O que você pensa pode não ser o que você está pensando”. É apenas um dos alertas contidos no livro “Você pensa o que acha que pensa?”, lançado pela editora Zahar, na 2ª quinzena de Junho, em formato de bolso e com mais de 200 páginas. Escrito por Julian Baggini e Jeremy Strongroom, a obra é intrigante, reflexiva e recheada de perguntas capciosas e filosóficas. “Penso, logo existo” esta afirmação filosófica de René Descartes (1596 -1650) chega a ser questionada, se avaliar a fundo. As controvérsias apresentadas pela dupla faz o leitor perceber das contradições diversas que ninguém escapa.

O leitor é colocado numa encruzilhada, com pequenos fatos ilustrativos que questionam a ética, a fé, a vida, o bem e o mal, e maus e bons. “Imagine que você é um médico e que poderia salvar a vida de dez pacientes de uma vez, mas com uma condição: teria de cancelar a cirurgia marcada, que iria salvar esta única vida". A pergunta é:"você se sentiria moralmente obrigado a cancelar essa cirurgia?”

É um teste à sua coerência, sua crença em Deus e a capacidade de raciocínio rápido e lógico. Testa também sua expectativa sobre a imortalidade. Ao fazer um teste, suas convicções serão colocadas em cheque. Experimente. O livro é diferente e consulta seus conhecimentos filosóficos, solicitando o nome do autor de uma determinada citação.

O seu moral está em alta ou em baixa? Talvez o leitor pense que descobriu, mas questionamentos intrigantes vão deixar sua cabeça confusa. Por um momento você vai se achar mesquinho. Ao responder sobre Deus, a contradição vai prevalecer e no final os escritores lançam esta indagação: ”você nunca pensou bem sobre esse assunto, não é mesmo?”

É um livro para se discutir em roda de amigos e, quanto mais contraditórios forem, melhor. De repente, aquilo que sempre foi um grande tabu, será encarado de forma diferente. Mesmo que continue achando que não mudou,ainda é um tabu. Sabe aquela impressão que tudo é uma “pegadinha”? Pois, o livro vai ajudá-lo a sair de muitas. Ou a ter um estoque criativo delas. E, no final, você vai descobrir se a obra levou você ”a botar a culpa em tudo e todos” ou a se culpar pelo de que é errado acontece no mundo ou com você.

Este texto é com base ao texto de Marcelo Coelho de A folha de São Paulo, de 30/06/2010.

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