A Poesia Própria e Alheia é uma seção mantida há anos na coluna, às vezes à esquerda, outras à direita da pagina. Agora vem bem aqui, sempre aos domingos (ou aos sábados), no 'espelho' principal.
Se deleite, os que gostam de versos.
Impossível compor um poema a essa altura da evolução da humanidade
Impossível escrever um poema - uma linha que seja - de verdadeira poesia.
O último trovador morreu em 1914.
Tinha um nome de que ninguém se lembra mais.
Há máquinas terrivelmente complicadas para as necessidades mais simples.
Se quer fumar um charuto aperte um botão.
Paletós abotoam-se por eletricidade.
Amor se faz pelo sem-fio.
Não precisa estômago para digestão.
Um sábio declarou ao jornal que ainda falta
muito para atingirmos um nível razoável de cultura
Mas até lá, felizmente, estarei morto.
Os homens não melhoram
e matam-se como percevejos
Os percevejos heroicos renascem.
Inabitável, o mundo cada vez mais habitado.
E se os olhos reaprendessem a chorar seria um segundo dilúvio.
(Acho que escrevei um poema) - Carlos Drummond de Andrade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário