Neste
domingo, trago dois poemas que escrevi nas décadas de 80 e 90: Devorando a paisagem
e Conhecer-te, me fez atleta. São versos com linhas poéticas diferentes.
O mais novo, traz, em minha perspectiva, mais imaturidade do que os versos mais velhos.
Ambos retratam situações em que vivi.
Ainda corro atrás das palavras em uma locomotiva sem Estação.
O mais novo, traz, em minha perspectiva, mais imaturidade do que os versos mais velhos.
Ambos retratam situações em que vivi.
Ainda corro atrás das palavras em uma locomotiva sem Estação.
DEVORANDO
A PAISAGEM
Amanheceu
há muito tempo, mas o sol
Ainda não
acordou
E o
inverno chora a despedida
Daqui a
pouco chega outra estação da vida
E nenhuma
locomotiva vai abrigar em suas janelas
Olhos sem
direção... namorando qualquer paisagem
Mas, há
cadeiras disponíveis em algum vagão de segunda
Para quem
quer numa saudade funda
Sonhar qualquer
estação da vida
E uma
lágrima contida não será suficiente para sufocar tanta saudade
E
amanhecerá tantas vezes a estrada, com o sol para acordar
Em alguma
estação indo embora, mais um coração que prende, prende
Não
resiste, chora
Mas,
saberá reconciliar sem demora
Uma passagem
emotiva
E lá
longe, devorando a paisagem, seguirá a locomotiva
Segunda quinzena da década de 1980 -
Segunda quinzena da década de 1980 -
* * * * *
CONHECER-TE, ME FEZ ATLETA
Te conheci,
faz dias
E quantas
alegrias gozei ao teu lado
Quantos
apertos, com teu jeito complicado
A descoberta
da propriedade que nunca tinha buscado
Te
conheci, faz tempo, já passa de um ano,
Se não me
engano...
Mas,
ainda hoje és meu sonho preferido
Podia até
ter morrido
depois
do primeiro beijo no cinema
e ter
ficado surdo e mudo ao sonhar com aquela cena
eu e
tu, tu e eu, perdidos, tomando vinho
e
aquele sotaque parecido com um de uma argentina
quando pela
primeira vez te vi tonta, que dava pena
Te conheci,
fiquei tão bobo
Que voltei
às minhas raízes selvagens
Virei gato,
pássaro e até lobo
Te conheci,
virei poeta, pateta, atleta
Vivo correndo na tua direção, sem rumo, sem prumo e sem meta
Vivo correndo na tua direção, sem rumo, sem prumo e sem meta
De 29
de agosto de 1990 -
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