24 outubro, 2011

EM SÃO ROQUE DE MINAS SÓ DÁ FRANCISCO

A imensa quantidade de pessoas com o nome Francisco na família é algo surpreendente em São Roque, cidade a cerca de 300 quilômetros de Belo Horizonte, ao sudoeste de Minas Gerais. Corresponde a cerca de 10% da população, que conforme o último Censo é de 6.301 moradores. É bom esclarecer que os tais 10% dizem respeito apenas aos que levam Francisco na carteira de identidade. O fato interessante é que os 90% restantes sempre deram um “jeitinho” para honrar, também, com o Francisco.
Igreja Matriz  São Roque de Minas/MG
Ocorre um fenômeno, que faz com que quase toda cidade seja franciscana. Quem não é Francisco é casado com Francisca, ou irmão de Francisco, ou filho de Francisco; ou então trabalha com um ou mais Franciscos, mora na Rua Francisco de Tal, tem mais de um primo, cunhado, nora Francisco ou Francisca. Ou então é apelidado: chico, chica ou chiquita; Chicão, Chiquinho, Chiquim ou mesmo Chiquinhoinho, para ficar diferente.
Ou os casos em que o nome remete ao Francisco: Maria do Chico, Antônia do Chiquim, Chica da Chiquita.
Francisco Chagas Neto, ou Chico Chagas para os amigos, conta que o povo se sente protegido pelo santo padroeiro dos animais, cujas graças alcançam o rio no qual corre água fresca o ano inteiro.
- “É um santo milagroso. Só mesmo o “São Francisco” pra ser um rio que corre para cima. Nasce cá embaixo nas Minas Gerais e vai matar a sede dos nordestinos.” - diz Chico Chagas.
(O Velho Chico sobe por Minas, cruza a Bahia, esbarra em Pernambuco e antes de desaguar no mar separa Sergipe de Alagoas.)
- “É um santo bom”, garante e completa Chico Chagas.
O fenômeno é inexplicável, pois passam-se as gerações e a multidão de Franciscos só aumenta. A cidade é imune a praga onosmática dos americanizados e aos modismos da época. Em São Roque só dá Francisco.

Texto de Mauro Cesar, adaptado de artigo de Laís Duarte, da Revista Piauí:  “Franciscolândia: Uma cidade livre de Wilbersons e Kimberlys” - set/2011 -
Foto do site Casa de Cultura/MG

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