O Brasil é um país privilegiado: de muitas flores, solo fértil, onde quase tudo que se planta dá; de um território entre os maiores do mundo e uma produção alimentícia de dar inveja. Este ano, conforme informações recentes, o número de pessoas com fome no mundo diminuiu, porém os dados ainda sãos alarmantes: a cada seis segundos, morre uma criança por desnutrição. Para a ONU (Organização das Nações Unidas), a produção alimentar precisa aumentar em 50% até 2030, a fim de dar conta de um consumo em crescimento constante. Por isso, nem tudo, são flores.
Segundo relatório da ONU, em concentração de terra e de renda, o Brasil perde muito. Os pequenos produtores respondem pela maior parte da produção de alimentos do mercado interno. E a fome no país é um grande problema, mesmo com os recentes índices de melhora anunciados em todo mundo e os atuais programas do governo brasileiro. Em 2003, no quesito "direito à alimentação", o relator especial da organização mundial naquele ano, o sociólogo suíço Jean Ziegle, divulgou que era possível combater a fome no Brasil, desde que o governo realizasse uma ampla reforma agrária. Ele recomendou, entre outras coisas, maior rapidez nas desapropriações e no combate à grilagem.
O relator reconheceu ainda que o principal movimento representativo dos que não tinham terra, o MST (Movimento dos Sem Terras), teria o direito de usar as ocupações como forma legítima de pressão, visando a desapropriação de latifúndios que não cumprem o que determina a Constituição Federal. Isto, avaliando que a concentração de terras em território tupiniquim é uma das maiores do mundo, visto que o Brasil é uma nação que nunca fez reforma agrária.
Por fim, o relatório concluiu que o Brasil "é uma potência econômica entre as maiores do planeta, porém é também um país com milhões de famintos, excluídos desta economia". Jean Ziegle foi muito contestado no Brasil, há três anos, por ocasião do entusiasmo brasileiro pelo Etanol. Na época, revelou em relatório, que o produto colocava em risco a segurança alimentar da população e o meio ambiente. Inclusive as flores.
Algumas curiosidades sobre o latifúndio: por causa da concentração da propriedade da terra, no Brasil, há apenas 40 milhões de hectares de área cultiváveis. Ou seja, 10% do que se poderia plantar. A maior parte das lavouras está em propriedades com menos de 500 hectares. O Brasil é o país de maior desigualdade social do planeta, o que tem a maior diferença entre pobres e ricos e uma das causas é a concentração da propriedade da terra.
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