“Um sonho demais de 70 anos”. Os políticos de Barra Mansa produziram essa informação. Sete décadas para se referir ao tempo de espera pela retirada do Pátio de Manobras. E a Imprensa foi atrás. Em abril, um palanque na Avenida Joaquim Leite, a principal da cidade, serviu de palco para a assinatura de um protocolo de intenções para o início das obras do PAC ( Programa de Aceleração do Crescimento ) do governo federal. Presentes deputados e deputadas da região, vereadores, o governador do Estado, Sergio Cabral, e o aeu vice. Pare o trem e pense: há 70 anos (1940), a ferrovia não era problema. Ao contrário, era um impulso para o desenvolvimento. Era ainda a novidade do início do século e motivo de atração. Não se pensava em tirar o trem, nem que ele fosse um estorvo.
No Brasil dos anos de 1940, o carro, artigo de luxo para uma minoria e a locomotiva, sinônimo de progresso, viviam uma história de amor, ainda latente. Homens, mulheres e crianças ainda se deslumbravam com os veículos. O empecilho e o desagrado eram com os carros de boi, carroças, que era o principal transporte. Uma Lei recente da Câmara de Vereadores de Barra Mansa proíbe o trânsito de carroças no centro do município. E caminhões e carretas, como em muitas cidades, não podem entrar nem descarregar em perímetro urbano. Os moradores da Avenida Joaquim Leite, em 1910, apenas duas décadas antes, se revoltavam com chiados de carros de boi, que a trabalho, eram obrigados a passar pelo centro, às 4 horas da manhã. Fato lembrado pelo historiador barra-mansense, Alan Carlos Rocha, em seu livro Três Caminhos. Certamente, essas manobras ainda ocorreram por algum tempo, pois estava ligada ao comércio leiteiro. E Barra Mansa se destacava entre os maiores produtores .
Carros, muitos, circulando ao mesmo tempo, hoje são problemas, principalmente nas grandes metrópoles. Basta citar o rodízio em São Paulo, que em futuro bem próximo será a cidade piloto. Mas, 1940, 50, até 60, havia uma relação tranquila com o trem. A população vai começar a despertar para o problema da convivência passagem de nível-pedestre a partir de meados dos anos 1970. Volta Redonda, uma cidade mais ou menos planejada e privilegiada por sua área central plana, se supera logo do problema e já por este período isola o trem e com viadutos, livra a população deste mal.
Barra Mansa, por várias razões, inclusive de ordem política, não consegue e nos anos de 1980 começam alguns políticos a levantar a voz contra o problema: “Precisamos tirar o pátio de manobras do centro da cidade”. Era pensamento comum já calcinado entre o povo. A deputada Inês Pandeló, a primeira mulher prefeita entre 1987 e 2000, foi na verdade uma das que mais utilizou o slogan “retirada do pátio de manobras”. Por fim, teve que se calar, sob a conseqüência dos desgastes.
E o Marketing dos 70 anos está ai: de espera é bem menos e de cobrança por parte de candidatos e políticos, menos ainda. Aliás, é bom lembrar: o político é a espécie, mas controvertida e oportunista da face da terra. Quando quer, parece que não pensa. Vale até falar errado, andar para trás ou dar piruetas. A Justiça Eleitoral proibiu, em período eleitoral, os candidatos posarem com crianças ao colo, mas, Infelizmente, a hipocrisia ainda impera. E vivemos ano eleitoral.
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