06 abril, 2010

A FOME E A VONTADE POLÍTICA DOS HUMANOS

Calcula-se que em 2050 uma população de 6,8 bilhões de pessoas estará com fome. Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), na atualidade, mais de 1 milhão de seres humanos, que corresponde a 1/6 da população mundial, passaram fome no ano de 2009. Pelos dados da organização, foram cerca de 100 milhões a mais que o ano de 2008. Que estatística sinistra, não? Tal informação se baseia na soma das crises econômica e alimentar, provocada pela desaceleração da economia global. Que dá a entender que, como em um carro, ao soltar-se o pé do acelerador diminui-se a velocidade. No caso da fome, o processo deveria ser igual.
Como já dizia Manuel Bandeira, em seu poema "O bicho", o ser humano é realmente um bicho engraçado: tem as estimativas da fome, mas, não se vê nenhuma ação para que mesma deixe de existir. O relatório da ONU foi divulgado em Roma, às vésperas do Dia Mundial da Alimentação ( e Dia Mundial do Pão), 16 de Outubro de 2009. Na ocasião, dois organismos detentores da pesquisa, a FAO (Organização para a Agricultura e Alimentos) e o Programa Mundial para a Alimentação (WFP, na sigla em inglês) informaram que 1,02 bilhão de pessoas esteve subnutridas em 2009. Cá em 2010, aproximando-se de um dos maiores eventos mundiais, a Copa do Mundo, que movimenta milhões em dinheiro, fica a indagação: como está o quadro dos desnutridos e famintos do mundo? E esta estimativa para 2050?
Aliás, na ocasião também, um congresso reuniu pessoas na sede da FAO, em Roma, e o tema da discussão foi “Como Alimentar o Mundo em 2050”?
A desnutrição mundial maior está na Ásia, em países que fazem margem com o oceano pacífico, na África subsaariana e do lado norte, no Oriente Médio e na América Latina. Mesmo nos países desenvolvidos, estima-se que cerca de 15 milhões de pessoas passam fome. É um retrato estatístico da fome no mundo tenebroso. Mas, nem por isso a Copa do Mundo na África deixará de acontecer. E é a primeira vez que o continente africano recebe os jogos. O país sede será a África do Sul, o que faz muitos pensarem que a modalidade ocorrerá em todo o continente.
A bíblia relata em Gênesis (41:57) que apesar de pessoas de todas as partes da terra irem à África ( ao Egito, propriamente dito) comprar alimentos de José, a fome já se apoderara de toda a terra. O que comprova que o “fantasma da fome” sempre esteve presente no mundo. E atualmente mais destacado pelos meios de comunicação e as condições tecnológicas de se medir esta desnutrição. Mas, o que fazer?
Na ocasião do encontro em Roma, o diretor geral da FAO, Jacques Diouf, conforme divulgado na Imprensa, disse essas palavras, no que se refere ao relatório anual que apresentou os dados alarmantes sobre o fome no mundo: “ Temos meios econômicos e técnicos para fazer a fome desaparecer, o que está faltando é uma vontade política...”. Essa vontade política tem sido os entraves de toda a ação humana.


O BICHO

MANUEL BANDEIRA


VI ONTEM um bicho

Na imundície do pátio

Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,

Não examinava nem cheirava:

Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,

Não era um gato,

Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.


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