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08 dezembro, 2013

PALAVRAS CORREM ATRÁS DE LOCOMOTIVA SEM ESTAÇÃO

Neste domingo, trago dois poemas que escrevi nas décadas de 80 e 90: Devorando a paisagem e Conhecer-te, me fez atleta. São versos com linhas poéticas diferentes.
O mais novo, traz, em minha perspectiva, mais imaturidade do que os versos mais velhos.
Ambos retratam situações em que vivi.
Ainda corro atrás das palavras em uma locomotiva sem Estação.

DEVORANDO A PAISAGEM 
Amanheceu há muito tempo, mas o sol
Ainda não acordou
E o inverno chora a despedida
Daqui a pouco chega outra estação da vida
E nenhuma locomotiva vai abrigar em suas janelas
Olhos sem direção... namorando qualquer paisagem
Mas, há cadeiras disponíveis em algum vagão de segunda
Para quem quer numa saudade funda
Sonhar qualquer estação da vida
E uma lágrima contida não será suficiente para sufocar tanta saudade
E amanhecerá tantas vezes a estrada, com o sol para acordar
Em alguma estação indo embora, mais um coração que prende, prende
Não resiste, chora
Mas, saberá reconciliar sem demora
Uma passagem emotiva
E lá longe, devorando a paisagem, seguirá a locomotiva
Segunda quinzena da década de 1980 -

*    *    *    *    *

CONHECER-TE, ME FEZ ATLETA
Te conheci, faz dias
E quantas alegrias gozei ao teu lado
Quantos apertos, com teu jeito complicado
A descoberta da propriedade que nunca tinha buscado

Te conheci, faz tempo, já passa de um ano,
Se não me engano...
Mas, ainda hoje és meu sonho preferido
Podia até ter morrido
depois do primeiro beijo no cinema
e ter ficado surdo e mudo ao sonhar com aquela cena
eu e tu, tu e eu, perdidos, tomando vinho
e aquele sotaque parecido com um de uma argentina
quando pela primeira vez te vi tonta, que dava pena

Te conheci, fiquei tão bobo
Que voltei às minhas raízes selvagens
Virei gato, pássaro e até lobo
Te conheci, virei poeta, pateta, atleta
Vivo correndo na tua direção, sem rumo, sem prumo e sem meta

De 29 de agosto de 1990 -