Poesias oitentistas são aquelas construídas por mim na década de 1980. Algumas, já desfilaram aqui por esse blog, como Moleque Mundo, As Esquinas dos Olhos e Devorando a Paisagem.
Hoje, trago mais uma, encontrada no meu baú. Quando uso essa palavra, não tem como não lembrar do "velho poeta" Mário Quintana.
NOSSOS OLHOS NASCERAM JUNTO COM O MUNDO
foi invadido pela sua silhueta franzina
Do seu amor, sou já um efetivo
Vejo-a, antevejo-a lá longe, no umbrífero da mente
mas, não vejo motivo
para estar assim tão trêmulo; sem voz?
Nós somos ainda tão estranho um para o outro
a conheço tão pouco e não sei a razão
desse querer assim, desse querer por fim
Em algo que nem começou direito
Talvez essa pressão no peito
Esse jeito de amar meio sem jeito
Não seja um defeito
E esse terrível medo de sofrer de novo
seja a estigma de todo apaixonado
seja a enigma para se permanecer amado
Mas, mesmo assim, vou deixar o medo de lado
E quando, lado a lado, o encontro nos colocar a sós
Mesmo se não houver voz
Vou oficializar o meu querer
Crestar esse temor que congela os sentimentos
Somos ainda tão estranhos um para o outro
Mas, quando nos olhamos no âmago, tão fundo
Parece que nossos olhos nasceram junto com o mundo
Nenhum comentário:
Postar um comentário