No mundo atual, com
a democratização da internet, todos - anônimos e profissionais – escrevem o que
quer. E cabe a professores, colunistas, jornalistas e editores corrigir ou
dar a quem é de direito o crédito do que foi escrito. E o colunista Ruy Castro,
em artigo publicado na Folha, edição de sábado, dia 19 de Janeiro, faz isso com muita
propriedade. E quantas frases já não
foram atribuídas a esses próprios colunistas?
Leia alguns trechos
de seu artigo.
Outro dia, citaram
uma frase, "Sem tesão não há solução", e a atribuíram a Nelson
Rodrigues. E esta não era dele, mas do psiquiatra e humorista Roberto Freire.
Nelson nunca diria aquilo. Nem era de seu estilo usar palavras como
"tesão".
Também há pouco foi
atribuída a Stanislaw Ponte Preta a frase "São Paulo é o túmulo do
samba", dita por Vinicius de Moraes nos anos 50, numa boate paulistana
cujos frequentadores falavam alto e abafavam o infeliz cantor -Johnny Alf. E,
idem, alguém deixou escapar o verso de Fernando Pessoa, "Tudo vale a pena
se a alma não é pequena", e atribuiu-o a Carlos Drummond de Andrade.
Neste caso, Ruy disse que quem deu a gafe, “corrigiu-se e até pediu perdão pelo clichê”. E ele
continuou enumerando frases creditadas erradamente.
Já li o "Ora,
direi, ouvir estrelas", de Olavo Bilac, atribuído a Castro Alves; o
"Tu pisavas nos astros distraída", de Orestes Barbosa, atribuído a
Noel Rosa; e "O que é bom para os EUA é bom para o Brasil", do
político baiano Juracy Magalhães, atribuído a Paulo Francis. Mas nada se
compara a "O sertanejo é, antes de tudo, um forte", de Euclydes da
Cunha, atribuído a Mazzaropi.
Ruy Castro fecha seu
artigo de forma fenomenal, dizendo que a troca às vezes até pega bem e cita uma
atribuída ao colega de coluna, com quem alterna o espaço no jornal, Carlos
Heitor Cony. A frase do grande escritor Guimarães Rosa, "A gente morre
para provar que viveu". Segundo ele, o colega Cony, que não sei se um dia
jogou bola, pegou a frase “matou no peito e emendou de primeira”.
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