Neste texto, o centenário historiador Eric Hobsbawn faz uma avaliação das ações armadas de exércitos estrangeiros em países com regimes detestáveis e ou ausência de democracia. E que, se não tivesse ocorrido o Onze de Setembro a situação seria outra. É interessante a avaliação.
Leia o texto:
Por outro lado, as guerras do Afeganistão e do Iraque, a partir de 2001, foram operações militares dos Estados Unidos que não se realizaram por razões humanitárias, embora tenham sido justificadas perante a opinião pública humanitária com base na destituição de regimes detestáveis. Mas, não fosse pelo Onze de Setembro, nem mesmo os Estados Unidos teriam considerado a situação em qualquer dos dois países como merecedora de uma invasão imediata. O Afeganistão era aceito por outros Estados com base em um "realismo" já um pouco antiquado; o Iraque, por sua vez, era condenado quase universalmente.
Ainda que os regimes do Talibã e de Saddam Hussein tenham sido rapidamente derrubados, nenhuma das duas guerras levou à vitória, nem mesmo ao alcance dos objetivos anunciados inicialmente - o estabelecimento de regimes democráticos consentâneos com os valores ocidentais e um forte sinal para outras sociedades ainda não democratizadas da região. Ambas, mas sobretudo a catastrófica Guerra do Iraque, acabaram sendo longas, sangrentas, profundamente destrutivas e ainda prosseguem, ao tempo em que este texto está sendo escrito, sem perspectivas de conclusão.
Ainda que os regimes do Talibã e de Saddam Hussein tenham sido rapidamente derrubados, nenhuma das duas guerras levou à vitória, nem mesmo ao alcance dos objetivos anunciados inicialmente - o estabelecimento de regimes democráticos consentâneos com os valores ocidentais e um forte sinal para outras sociedades ainda não democratizadas da região. Ambas, mas sobretudo a catastrófica Guerra do Iraque, acabaram sendo longas, sangrentas, profundamente destrutivas e ainda prosseguem, ao tempo em que este texto está sendo escrito, sem perspectivas de conclusão.
Em todos esses casos, a intervenção armada foi executada por países estrangeiros com poder militar e recursos francamente superiores. Em nenhum deles a intervenção gerou, até aqui, soluções estáveis. Em todos os países assinalados, a ocupação militar e a supervisão estrangeira prosseguem. No melhor dos casos - mas claramente não no Afeganistão e no Iraque -, a intervenção pôs fim a guerras sangrentas e produziu algum tipo de paz, porém os resultados positivos, como nos Bálcãs, foram desanimadores.
E Hobsbawm avalia
No pior dos casos - o Iraque -, nenhuma pessoa séria pode negar que a situação do povo, cuja libertação foi a desculpa oficial para a guerra, está pior do que antes. A história recente das intervenções armadas nos assuntos de outros países, mesmo as das superpotências, não é uma história de êxito.
Texto extraído do prefácio do Livro de Eric Hobsbawm: Globalização, Democracia e Terrorismo
Direitos reservados a Editora Schwarcz Ltda.
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