A população brasileira está entre as principais do mundo a confiar na capacidade de seu governo em administrar a crise mundial. O povo indiano não teve dúvida e figura como o primeiro. Na China, maior população da terra, está os que acreditaram em terceiro lugar que o governo de Pequim tranquilamente controlaria os problemas financeiros do país. A pesquisa foi feita pelo Ibope, um dos maiores órgãos de análise popular, em parceria com a Worldwide Independent Network of Market Research, em quase 20 países. E os brasileiros tiveram destaque, depois dos indianos, sendo o segundo povo mais otimista.
Uma situação confortável, ao avaliar a questão de forma internacional, pois o Brasil está no rastro dos dois países que mais crescem economicamente. A confiança no governo brasileiro traz mais popularidade para o presidente Luís Inácio Lula da Silva, que custou a chegar ao poder, mas permaneceu otimista, diante de sucessivas tentativas. Lula sofreu sua primeira derrota para o ex-governador de Alagoas, Fernando Collor de Mello, ainda no final da década de 1980. Collor de Mello foi único presidente da república, até hoje, a sofrer um processo de expulsão sumária do cargo (impeachment). Ele renunciou para não sofrer consequências piores, mesmo assim ficou inelegível por oito anos.
Lula perdeu outras duas vezes para o sociólogo Fernando Henrique Cardoso, o primeiro estadista a gozar de reeleição no país. Operário do ABC Paulista e um dos mais contraditórios sindicalistas políticos, tido como iletrado, oriundo de um partido que somente começou a interagir após o regime militar, Lula é a maior referência do Brasil atual. Está entre as lideranças mais conceituadas do planeta e colocou a maior nação da América do Sul entre as mais confiáveis economicamente. O governo brasileiro seu deu a luxo de emprestar dinheiro ao FMI (Fundo Monetário Internacional), algo inimaginável no cenário político do final do século passado.
Depois dessas derrotas referidas acima, somados o tempo de atividade política, pode-se dizer que ele se mantém em campanha eleitoral há pelo menos 20 anos, ou mais, como lembrou em entrevista o historiador Luiz Felipe de Alencastro. Ele foi candidato à Presidência por cinco vezes, viajou pelo Brasil inteiro em pré-campanha e estudou. Quem discursa na oposição chamando-o de iletrado, não sabe o que diz. O Partido dos Trabalhadores (PT), do qual é fiel escudeiro, cresceu junto com Lula e fazia oposição direta ao sistema governamental e aos governos de direita que figuraram após a abertura política ocorrida no país. A vitória de Lula só viria no terceiro milênio, porém coroada de experiências.
A popularidade do presidente Lula está em 80% neste mês, conforme pesquisa encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) . A amostragem também aponta uma taxa de aprovação de seu governo em plena ascensão: subiu para 68%, contra 64% no mês de março passado. O carisma de Lula é hoje o maior patrimônio do Brasil.
É o presidente mais contraditório e persistente que este país já teve. Não era preciso esse ensaio para justificar as razões por que a população brasileira confia na capacidade deste governo em administrar a crise mundial, em solo nacional.
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