A venda de discos de padres, pastores, missionários e evangélicos ocupa hoje um mesmo mercado. A música gospel tem seus intérpretes famosos e é tão ou mais divulgada quanto à católica, que há muito tempo é cantada por artistas de renome. Roberto Carlos já cantou “Jesus Cristo”, música de sua autoria, em igreja da Urca, bairro carioca onde mora. Nelson Ned, Mara Maravilha e outros que surgiram no mesmo cenário do "Rei" Roberto Carlos, elevam a música evangélica.
Referida por evangélicos e católicos como aquela que não é sacra nem inspirada, a música “mundana” e a religiosa parecem, hoje, não ter distinção. Ambas são tocadas no mesmo espaço, ou pelo menos, ouvidas por um público muito heterogêneo. São disputadas em um mesmo mercado. O que não quer dizer que são profanas.
O Padre Fábio de Melo, primeiro religioso a fazer um mega show no Canecão, participa de programa televisivos como um cantor pop, leva a sua música a várias cidades ( recentemente esteve na região) e há pouco tempo tinha seu disco anunciado em horário nobre. Agora, o mesmo espaço de divulgação e gravadora é da cantora evangélica Aline Barros. A televisão divulgadora é a de maior prestígio e penetração em todas as classes, a poderosa Rede Globo. Ambos, católicos e evangélicos, levam um dos selos mais fortes do mercado fonográfico brasileiro: o da Som Livre.
O orgulho, certamente, conforta os credos ao reconhecer que, finalmente, a divulgação da música sagrada alcançou a mídia, o que é bom. É bom por converter pessoas à religião. É ótimo para as denominações religiosas, pois, afinal, abre caminho para a propagação da mensagem e a divulgação do evangelho, comemoram leigos, padres e pastores. Mas, é muito melhor para o mercado fonográfico, que não perde; ao contrário, ganha dos dois lados.
Ter um disco divulgado pela Som Livre deve ser o sonho de todo cantor: cante ao mundo ou às igrejas. Os que recebem o convite, conseguem o contrato, é por que conseguiram arrebatar grandes multidões. Suaram muito a camisa, cantaram, cantam e convencem o meio democrático e carismático da comunidade religiosa que os apóiam.
No final lucram igrejas e gravadoras.
Texto do jornalista Cesar Dulcidi
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